Uma semana depois do término da rebelião promovida por detentos da Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, a situação no presídio pode não estar tão tranquila. Presos da unidade estariam fazendo contato, quase diariamente, com familiares e veículos de imprensa - por meio de aparelhos de telefone celular que continuam sendo usados de forma indiscriminada nos pavilhões. Eles estariam denunciando irregularidades no sistema prisional e ameaçando fazer um novo motim, desta vez, de acordo com os próprios presos, ainda mais violento do que a rebelião passada, quando dois reféns ficaram sob ameaça durante 31 horas.
A gravação de um desses telefonemas foi divulgada ontem pela Rede Record. A emissora apresentou um relato de um homem que se diz detento da Nelson Hungria. Ele denunciou que as reivindicações feitas pelos presos durante a rebelião e prometidas pela Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) só foram cumpridas em parte.
Os presos, ainda de acordo com o relato exibido, reclamam que as visitas de mulheres grávidas não foram normalizadas, conforme acertado com o comitê de gerenciamento de crise. Além disso, os presidiários afirmam que têm sido agredidos por agentes durante o banho de sol e que armas e drogas continuam dentro da penitenciária. "Quem traz as drogas não são as grávidas, são os próprios agentes e os próprios diretores", disse o detento ouvido pela emissora de televisão.
A ligação telefônica recebida pela rede de TV teria revelado também um racha dentro do pavilhão 2, para onde foram transferidos os 102 presos que estavam no pavilhão 1 e se rebelaram na semana passada. "O clima está ruim. Tem rixa entre os presos. Alguns foram forçados a entrar na rebelião, e, agora, se colocarem todos juntos, nós vamos matar eles (sic.)", declarou o suposto detento.
Após o fim da rebelião, na última sexta-feira, o subsecretário de Administração Prisional, Murilo Andrade, informou que a segurança seria reforçada na Penitenciária Nelson Hungria e que a corregedoria da Seds iria acompanhar a rotina da unidade, ouvir os presos e apurar as denúncias.
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